Fim de Gestão Santa Casa de Arcos ainda tem dívidas, mas mantém atendimentos

Fim de Gestão Santa Casa de Arcos ainda tem dívidas, mas mantém atendimentos
  • 25/04/2022
  • Hospital

“(…) A Santa Casa está em melhores condições de seguir lutando” - Irmã Sandra Gontijo.

 

A Diretoria da Santa Casa de Arcos para a gestão de 20 de maio de 2019 a 30 de abril de 2022, que tem à frente a provedora e gestora voluntária Irmã Sandra Gontijo, realizou um seminário nos dias 18 e 19 de abril, quando colaboradores tiveram a oportunidade de se manifestar.

O evento aconteceu no auditório da cooperativa Sicoob Arcomdredi. Os diretores, conselheiros, colaboradores e profissionais que trabalharam na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da unidade marcaram presença nos dois dias.

Com transparência, foi relatada a situação financeira da Santa Casa. Em Nota enviada ao CCO, a provedora destacou que “o trabalho diuturno de todos resultou em muitas realizações que justificam afirmar que a Santa Casa está em melhores condições de seguir lutando”.

O fato é que os últimos anos não foram fáceis para os gestores da área de saúde. “Com a perda da ordem de 50% na receita dos convênios, na majoração no preço dos medicamentos e outros insumos hospitalares, dentre outros motivos externos à Santa Casa, nossas dívidas, decorrentes dos gastos com manutenção, incluídas as despesas com a UTI Covid-19 realizadas pela Santa Casa, resultaram no aumento de 2,5 para 4,3 milhões de reais”, disse Irmã Sandra.

De acordo com o relato da provedora, essa situação atinge quase a totalidade das instituições hospitalares beneficentes do país. “Tanto que ontem, dia 19, realizou-se uma paralisação de 24 horas para alertar sobre o problema”, comentou. A Santa Casa não parou porque os colaboradores entendem que, sendo o único hospital para a internação de pacientes em Arcos, essa paralisação não é viável.

“O importante é que a próxima gestão 2022/2025 terá seus desafios, mas estará mais forte. Embora muito haja para fazer, encerramos a gestão, ao contrário do que quando assumimos”, conclui.

Apesar da ampla divulgação da eleição, que estava prevista para ontem (quarta-feira, dia 20 de abril), não houve registros de chapas com associados interessados em assumir a direção da próxima gestão. Na Assembleia de ontem, apenas seis sócios da atual gestão estavam presentes, não havendo quórum para se formar uma equipe.

 

Representatividades presentes ao evento - O prefeito de Arcos, Claudenir Melo; o presidente da Câmara, Ronaldo Ribeiro; o vereador Ademar Medeiros (Sorriso); a Secretária Municipal de Saúde, Adalgisa Borges; a presidente da Subseção local da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Fabiana Guimarães. Também vale destacar as seguintes presenças: gerente geral e coordenador do Sicoob Arcomcredi, Luciano Ferreira; diretor administrativo da mesma cooperativa, Árisson Roque. E ainda: a advogada Yolanda Fernandes, que trabalha com causas sociais e é divulgadora da vida da beata Nhá Chica, de Baependi (MG).

 

Seminário de Prestação de Contas: colaboradores apresentaram suas atividades e resultados

 

Atuação de colaboradores ao longo dos três anos

A retrospectiva dos trabalhos desenvolvidos ao longo desses três anos foi feita por 24 funcionários da Santa Casa e alguns que trabalharam na UTI.

A enfermeira Responsável Técnica, Michelle Teixeira, que trabalha na Santa Casa há 14 anos, se emocionou ao relembrar o desafio da pandemia. Ela disse que houve um esforço diário para manter os atendimentos do hospital funcionando ao mesmo tempo em que providenciavam a implantação e montagem da UTI. Acrescentou que foi um momento de grande aprendizado para toda a equipe. O médico Luís Fernando Correia e Silva, que trabalhou na UTI Covid e permanece na Santa Casa na função de responsável técnico, disse que atualmente estão sendo criados mais protocolos para normatizar os procedimentos, evitando desperdícios. A finalidade é melhorar o atendimento aos pacientes, assim como as condições de trabalho para a equipe e ainda com economia.

 

Principais ações da atual diretoria ao longo de três anos

A primeira atitude da provedora, Irmã Sandra Gontijo, no início de sua gestão, foi acompanhar todos os setores e fazer um “diagnóstico institucional”, seguido do Planejamento Estratégico. O primeiro evento de aproximação da Santa Casa com a população foi o “Churrascão”, com renda destinada ao pagamento de dívidas emergenciais.

Os cargos da diretoria, inclusive a provedoria, não são remunerados. A provedora também assumiu, voluntariamente, a gestão administrativa do hospital, o que gerou economia com os vencimentos que eram destinados ao ocupante do cargo anteriormente.

Logo no início foi providenciado o cancelamento de linhas telefônicas desnecessárias e houve redução de custos no serviço de Telemarketing. Também foi relatado ao CCO que são realizadas três cotações antes de adquirir produtos e serviços que não exigem licitação, tendo em vista o melhor custo/benefício.  

No início da gestão foi contratado serviço de auditoria e o resultado foi divulgado em reunião na Câmara Municipal, quando a população foi convidada a conhecer as dificuldades da unidade e contribuir para sua reestruturação.

Em uma atitude surpreendente na Santa Casa de Arcos, mas adotada em grandes hospitais de Belo Horizonte, por exemplo, em janeiro de 2020 a provedora estabeleceu um novo formato para o pagamento de médicos plantonistas. Eles continuaram recebendo um valor fixo pelo plantão de 12 horas, mas deixaram de ficar com os valores recebidos por consultas de forma individual. Esses pagamentos passaram a ser direcionados ao Caixa da Santa Casa. A finalidade era reduzir o déficit naquela ocasião, aumentar a Receita e realizar os investimentos necessários.

Com o mesmo propósito, a provedora fez várias solicitações de emendas parlamentares a deputados e foi atendida, sendo que os recursos foram de grande relevância para a manutenção dos serviços prestados. Também esteve com o secretário de Saúde do Estado.

Acolhimento - O atendimento humanizado a pacientes e familiares, com atenção às particularidades, foi uma recomendação da provedora a todos os colaboradores.

As novas cadeiras adquiridas para a recepção, assim como a pintura das dependências internas do hospital, inclusive Ala F (Enfermaria), revigoraram o ambiente.

Para os apartamentos, foram adquiridos aparelhos de TV e de frigobar, além de sofás-camas confortáveis para acompanhantes.

Mobilização de voluntários e outras ações

Em diferentes contextos, a provedora recorreu à iniciativa privada, solicitando apoio. Uma das ações que resultou da mobilização de voluntários foi a reconstrução da rampa de acesso ao segundo pavimento.

A Santa Casa também recebeu várias doações, inclusive de camas modernas, permitindo a substituição das antigas. Vinte unidades das que eram utilizadas e ainda estavam em boa conservação foram destinadas à Loja Maçônica Vigilantes do Oeste, que encaminha a quem precisa de cama hospitalar.

O gerador que não estava sendo utilizado pela Santa Casa foi destinado à Polícia Militar em Arcos.

Socorro à população durante a pandemia

Temporariamente, em atenção ao pedido do Executivo Municipal, a Santa Casa assumiu o Pronto Atendimento (Urgência/Emergência), quando o Hospital Municipal São José estava recebendo os pacientes com Covid-19.

Foi na gestão de Irmã Sandra Gontijo que se deu prosseguimento à obra do novo bloco cirúrgico, em 2020, com apoio do então prefeito Denilson Teixeira. A construção havia sido iniciada em março de 2014 - na gestão do ex-provedor Fernando Ribeiro (quando Dr. Roberto Alves era prefeito e o apoiou). Foi executada em 65%, aproximadamente, e estava paralisada desde setembro de 2016, por falta de verba. Com os recursos investidos em 2020, mais de 90% da obra foi concluída, faltando apenas a instalação do sistema de ar condicionado que já havia sido adquirido. Em março de 2021, gestão do atual prefeito Claudenir Melo, que também contribuiu, a obra estava 100% concluída. A diretoria da Santa Casa contou, ainda, com o auxílio da iniciativa privada para o investimento.

Em 2021, a diretoria da Santa Casa cedeu o espaço do novo bloco cirúrgico ao Município, para ser adaptado como Centro de Atendimento à Covid-19 - inclusive com UTI, no momento em que a população de Arcos mais precisou, uma vez que o Hospital Municipal São José e a Fumusa já não suportavam mais o grande número de pacientes.

O credenciamento da UTI pelo SUS (Sistema Único de Saúde) foi liberado em 9 de abril de 2021. Atualmente, o prédio está fechado para serem iniciadas adaptações solicitadas pela Vigilância Sanitária e, a partir de então, reativar a UTI e ativar o novo Bloco Cirúrgico.

 

FONTE: Jornal Correio Centro Oeste